São Mateus é a cidade com a maior população afrodescendente do estado do Espírito Santo. Os afrodescendentes estão na política, no comércio, nas roças e na cidade construindo bairros e contribuindo com sua forma de ser e fazer para a economia local.
Os escravos africanos que viviam em São Mateus foram trazidos de Angola e Guiné, das nações Bantu, Benguela, Cabidela. Foram utilizados nos trabalhos nas lavouras, principalmente para a produção de farinha de mandioca.
A população afrodescendente mateense é responsável pelas festas mais antigas da região norte do estado, destacando-se dezenas de grupos artísticos e religiosos como ao ticumbi, jongo, marujada, congo, etc. A cultura da farinha e do beiju é oriunda das estratégias de resistência ao sistema escravista garantindo autonomia econômica e política aos escravos.
O tráfico de africanos escravizados perdurou no Porto de São Mateus onde eram comercializados e encaminhados para as diversas fazendas da região. O último carregamento clandestino de negros na costa brasileira aconteceu na barra do Rio São Mateus, em 1856.
A história registra a resistência ao sistema escravista com inúmeras fugas e consolidação de quilombos na região norte do município. A busca de emancipação foi além da liberdade concedida pela Lei do Ventre Livre, a Lei dos Sexagenários e a Lei Áurea. Por meio da constituição dos quilombos, doações e compra de terras a memória dos mais velhos indica um tempo de liberdade e bonança, longe da dominação escravista.
A perseguição aos quilombolas foi uma das marcas de todo o sistema colonial, alcançando o século XX e XXI, dado a expulsão de seus territórios pelo agronegócio a partir da década de 1960 e eliminação das fontes naturais de produção e reprodução de sua cultura.
Atualmente a região denominada Sapê do Norte, composta por mais de trinta comunidades quilombolas, etá empenhada em retomar seus territórios tradicionalmente ocupados e dar continuidade a seu processo de emancipação.
IndígenasNa formação do povo mateense, há a presença marcante da cultura indígena. Hábitos como o de banhar-se diariamente ou então o do consumo de derivados da mandioca são de origem indígena. Utensílios como a esteira, a rede e uma infinidade de artefatos para a pesca, além da habilidade com a cerâmica também possuem a mesma origem. Já os residentes na área rural, 53,20% eram do sexo masculino e 46,80% do sexo feminino.
É comum encontrar nas principais famílias mateenses matriarcas de origem indígena, visto que os primeiros colonizadores viram-se obrigados, para povoar essas terras, miscigenar-se com os nativos.
Postado por Núria Rodrigues Costa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário