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domingo, 3 de junho de 2012

CPMI investiga situação de violência contra as mulheres em Alagoas

Comissão Parlamentar Mista de Inquérito realizou audiência pública nesta sexta na ALE. Alagoas é o 2º estado onde mais se matam mulheres no país
01/06/2012 18:20

Fran Ribeiro


Presidente e relatora da CPMI vieram investigar situação alarmante em Alagoas
Dia três de agosto de dois mil e onze. A professora Caludenice Oliveira Pimentel, de 49 anos, foi agredida e morta em um incêndio em sua própria casa provocado por seu companheiro, o policial militar José Cabral do Nascimento. Dez dias antes, a professora procurou a Delegacia Regional de Arapiraca, cidade onde residia, para denunciar as constantes ameaças de morte que sofria do próprio marido. Uma guarnição da PM chegou a ir ao local, mas nada fora feito. Naquela noite de agosto, Claudenice foi assassinada depois que o militar espalhou gasolina na casa e ateou fogo.
Alagoas, segundo dados do Instituto Sangari/Ministério da Justiça, é o segundo do país em que mais se matam mulheres, ficando atrás apenas do estado do Espírito Santo. Enquanto a média nacional é de 4.4 homicídios para grupo de 100 mil mulheres, o Estado tem mais que o dobro da média, 8.3 mortes por ano. Só em 2011, 142 mulheres foram mortas. Em 2008 esse número não passava de 86. Os dados mostram também a interiorização da violência. Enquanto Arapiraca ocupa o 4ª lugar do ranking nacional, a capital Maceió fica com o 14º lugar.
Os casos de femicídio no Estado chamaram a atenção da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Congresso Nacional, que nesta quinta-feira (31) desembarcou em Maceió para recolher dados para o relatório que deverá ser finalizado em 180 dias. A CPMI faz levantamento das questões sociais, de políticas públicas e quais ações estão sendo feitas para o enfrentamento da violência contra a mulher no País. Ainda na quinta-feira, as componentes da comissão, a senadora Ana Rita (PT-SP) e relatora da CPMI, e a deputada Jô Moares (PCdoB –MG), presidente da mesma, flagraram um dos motivos que impedem muitas mulheres de serem ajudadas em casos de violência.
Fran Ribeiro
Na entrada do plenário, cruzes com no...
Elas visitaram uma das unidades específicas em Maceió, a Delegacia da Mulher que fica no Centro. Ao chegarem se depararam com a irmã de uma vítima que tinha procurado a polícia para denunciar seu cunhado. Porém, a delegacia estava fechada por causa do regime de plantões. Como havia funcionado no dia anterior, na quinta-feira estava fechada por falta de contingente. “Chegamos à delegacia e nos deparamos com aquela situação. Havia uma delegada no local, mas ela só estava lá porque iria nos encontrar. Pedimos que ela registrasse a denúncia”, relatou a senadora Ana Rita, informando ainda que a CPMI solicitou ao Governo do Estado o fim do regime de plantões nas delegacias da Mulher, o que será prontamente atendido.
“Os dados de Alagoas nos assustam. É uma taxa inaceitável de violência contra as mulheres e deve ser prioridade do poder público e da própria sociedade combatê-la. Temos em todo o país mulheres com mortes anunciadas, que já procuraram apoio do poder público e que não encontraram no momento certo, na hora certa”, declarou a senadora, alertando que além do medo de denunciar o agressor, as mulheres enfrentam obstáculos daqueles que deveriam estar prontos para darem auxílio em momentos de vulnerabilidade.
Na audiência pública realizada nesta sexta-feira (01) na Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE), a composição da mesa e dos presentes chamou a atenção. Dos deputados estaduais da Casa, apenas o deputado Judson Cabral (PT) esteve presente à audiência, que teve a participação das parlamentares Flávia Cavalcante (PMDB) e Patrícia Sampaio (PT). Do Legislativo municipal, apenas a vereadora Tereza Nelma (PSDB) participou. Além da ausência dos políticos homens, a maioria dos presentes eram mulheres ligadas aos movimentos , como a Marcha Mundial de Mulheres e a ONG Maria Mariá.
Fran Ribeiro
Presidida pela deputada Jô Moraes, a audiência “sabatinou” os principais órgãos do poder público acerca das ações que estão sendo postas em prática em Alagoas para o combate à violência contra a mulher. O primeiro a prestar esclarecimentos à CPMI foi o secretário de Estado da Defesa Social, o coronel Dário César. Em entrevista ao Primeira Edição, o secretário disse se preocupar com os números alarmantes de mulheres assassinadas e que o Governo está trabalhando para remediar isso.
“Nós temos algumas ações direcionadas para o grupo feminino. Além das delegacias especializadas em Maceió e em Arapiraca, estamos reformando três unidades em Maragogi, São Miguel dos Campos e Delmiro Gouveia para abrigar o Núcleo de Atendimento à Mulher. Nós temos hoje no Estado 30 casos de agressores presos com base na Lei Maria da Penha, isso tem sido um parceiro no combate a casos de violência da mulher”, revelou.
Ao responder às perguntas feitas pela relatora da CPMI, Dário César explicou como está o andamento das ações do Pacto Nacional de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher, assinado em 2010, ano que Alagoas recebeu da Secretaria de Políticas para as Mulheres do Governo Federal R$ 10 milhões para serem investidos na causa. Segundo o secretário, os agentes estão sendo capacitados para atender esses casos específicos, através da Secretaria de Estado da Mulher, da Cidadania e dos Direitos Humanos.
“Alagoas é um Estado machista, coronelista e isso reflete no enfrentamento da violência contra a mulher. Nossos policiais estão sendo capacitados para lidar com essas situações”, disse. Ainda segundo o coronel o novo plano de segurança pública que está sendo elaborado entre o Governo junto ao Ministério da Justiça haverá um capítulo que tratará apenas dos casos de violência contra as mulheres de Alagoas, que compõem 51% da população total.
Segundo dados apresentados pela Secretaria de Estado da Mulher, da Cidadania e dos Direitos Humanos à CPMI, até o ano que vem mais de 1.200 profissionais passarão por capacitações para atender casos específicos através dos Centros de Referência que serão criados pelo Governo de Alagoas no interior.
Representantes da Defensoria Pública e do Ministério Público Estadual também foram ouvidos. Os dados colhidos em Alagoas farão parte do relatório final da CPMI.


Pesquisa: José Lopes Junior

Postagem: José Lopes Junior

Espírito Santo recebe CPMI que discute violência doméstica
 DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR
11/05/2012 | 20h34 | Homicídios




A Assembleia Legislativa de Vitória, no Espírito Santo, sediou nesta sexta-feira (11) uma audiência pública da comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) que discute a violência contra a mulher. A capital capixaba foi escolhida pela CPMI, pois o Espírito Santo é o estado onde ocorre mais homicídios de mulheres no país, com taxa de 9,4 por grupo de 100 mil mulheres, de acordo com estudo elaborado pelo Instituto Sangari e o Ministério da Justiça.
Na audiência pública, os secretários de segurança e saúde foram questionados sobre o motivo dos altos níveis de homicídios entre mulheres no estado. Em suas respostas, culparam a precariedade das estruturas administrativas do governo. “ Temos carências de politicas públicas em várias áreas, principalmente nesse setor”, declarou o secretário de Saúde, Tadeu Marino.
Foram ouvidos ainda os secretários de Assistência Social e Direitos Humanos, Rodrigo Coelho; o defensor público geral do Estado, Gilmar Alves; o procurador-chefe do Ministério Público, Eder Pontes; de Segurança, Henrique Herkenhoff, além de entidades sociais. Os ouvidos na audiência deverão encaminhar relatórios com considerações, dados e estratégias a respeito do tema para a relatora da CPMI, senadora Ana Rita ( PT-ES).


Pesquisa: José Lopes Junior

Postagem: José Lopes Junior
Segurança Pública >> Mulheres conquistam espaço de destaque na Polícia Civil

A assessora-geral da Polícia Civil, Gildeci Alves Marinho, de 57 anos, é uma das oito mulheres que ocupam cargos de comando na Polícia Civil. Ela tem história de pioneirismo na instituição, com 38 anos de uma carreira digna de admiração. "Comecei como extranumerária mensalista, uma espécie de pró-jovem da década de 70. Meu pai, que era escrivão, queria que eu arrumasse um emprego e me colocou na polícia. Eu ganhava um quarto do salário mínimo na época. Com 18 anos, fiz concurso para escriturária, que era um cargo administrativo, igual a escrivão. Em 1977, fiz concurso novamente para comissária de polícia. Na nova função trabalhei na Academia da Polícia, onde era secretária. Depois, passei no concurso para delegada", conta.
Ela acompanhou de perto as mudanças e avanços da Polícia Civil. Para se ter uma ideia, foi a primeira policial a datilografar em uma máquina de escrever elétrica. Nos anos 70 e 80, as investigações eram feitas essencialmente na rua, interrogando pessoas, procurando pistas. Hoje, o uso da tecnologia é essencial para a elucidação do crime.
São 25 anos de carreira como delegada. Primeiro, ela foi para a comarca de Itauçu e, em seguida, para a Delegacia da Mulher de Anápolis, onde ficou por sete anos. Na chegada a Goiânia, lhe foi proposto um desafio. "Quando voltei para Goiânia em 1995, a Delegacia Metropolitana lidava com todos os crimes complexos como assalto a banco, homicídios, estupros. Apenas uma mulher e 120 homens trabalhavam lá. Havia um certo preconceito em relação ao trabalho das mulheres. Meu chefe, na época, disse que iria me designar para a função para ver se eu dava conta", lembra.
Gildeci encarou muito bem o desafio e, por isso, foi promovida à delegada de primeira classe. "Para sermos promovidas, era preciso demonstrar 101% de eficiência para provar a capacidade, tamanha a discriminação. Houve situações em que ouvi dos meus chefes: O que vocês querem na Polícia Civil? Vocês não conseguem! Isso é coisa de homem. Na prova física para a primeira turma de agentes mulheres, por exemplo, exigia-se de todos os candidatos a corrida com um saco de areia de 50 quilos, justamente para eliminar as mulheres. Eu tinha 49 quilos e consegui fazer a prova no percurso de 100 metros", comenta.
Gildeci passou ainda pelas Delegacias da Mulher de Goiânia, do Consumidor e foi adjunta na de Repressão a Furtos e Roubos de Veículos Automotores. Para se sobressair, não esmoreceu e foi à luta."Eu me preocupei muito em valorizar a instituição e dar segurança à sociedade. Fiz o meu trabalho na Delegacia da Mulher, por exemplo, vesti a camisa contra a violência doméstica. Saía da minha sala, ia checar as denúncias no interior fazendo o atendimento itinerante e me realizei muito. Sempre pedi a Deus para ser justa", conta. Há cinco anos como assessora-geral da PC, ela cuida de toda a papelada que chega ao gabinete da Diretoria Geral. "Levanto com prazer todos os dias para vir trabalhar", diz.

Delegada geral da PC realiza sonho
A delegada geral da Polícia Civil, Adriana Accorsi, de 39 anos, elogia a equipe de mulheres que trabalha a seu lado. "São mulheres fortes e trabalhadoras. Todas têm uma história de muita luta e de serviços prestados à Polícia Civil. São posições de muito destaque e de muita importância, desde os cargos administrativos, passando pela chefia da Academia da Polícia Civil, a função de corregedoria, entre outros", ressalta.
Segundo ela, com a sensibilidade e honestidade, marcas registradas, as mulheres conferem uma grande imagem à PC. Prestes a completar seis meses à frente da Polícia Civil, Adriana diz que teve momentos difíceis nesse período, referindo-se à queda do helicóptero da PC em Piranhas matando cinco delegados, dois peritos criminais e o assassino confesso da chacina de Doverlândia.
"Foram meses de muito trabalho e de muitas dificuldades, tivemos ocorrências muito tristes que abateram e atingiram a instituição. Ao mesmo tempo, a gente continua trabalhando muito. Estamos na luta cumprindo a nossa missão e continuamos fazendo a nossa tarefa, mesmo com todas as dificuldades que a população de Goiás conhece e torceu por nós nesses últimos dias", relata.

Com mais de 12 anos de carreira, Adriana está realizando um grande sonho. "Fiz o concurso público em 1999 e iniciei os trabalhos em janeiro de 2000. Trabalhei em várias cidades no interior do estado como Turvânia, Nazário, Palminópolis, Bela Vista, Cristianópolis até que fui convidada para chefiar a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) aqui em Goiânia, na qual realmente pude me realizar já que para mim eu exerci um trabalho de muita importância, protegendo as crianças da nossa cidade e onde permaneci por mais de oito anos. Após isso, foi convidada para ser a superintendente de Direitos Humanos do Estado, acompanhando principalmente supostos casos de abusos policiais contra pessoas, em especial acompanhando as investigações da Operação VI Mandamento", detalha.
Pelo bom desempenho foi convidada pelo secretário de segurança pública, João Furtado Neto, para assumir o comando da PC. Fiquei surpresa e muito feliz porque esse era um grande sonho que eu tinha. Pensava que ele demoraria mais para chegar. Estou dando tudo de mim, trabalhando 14 horas por dia e quero fazer a diferença para a sociedade", conclui.

Titular de homicídios diz que é preciso ter vocação
Adriana Ribeiro, de 40 anos, é a titular da Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios (DIH). Há mais de quatro anos, ela conhece a rotina da especializada, onde ocupou o cargo de delegada adjunta e há um ano e meio é a chefe. O desafio é grande, em função do alto índice de homicídios registrados na capital e Região Metropolitana de Goiânia. "É um trabalho que exige muito a minha dedicação e é preciso mostrar a sociedade que os crimes de homicídios são desvendados.
Parceria é a palavra-chave do relacionamento com oito delegados, uma delegada adjunta, agentes e escrivães no dia a dia. No trabalho em equipe ela nunca sentiu preconceito. A vocação é essencial para a profissão, diz Adriana. "Comandar, investigar e ir para a rua com os agentes. A pessoa precisa se identificar com o que faz. E quando se trata de homicídios, não tem dia, não tem horário. Podemos ficar vários dias envolvidos em alguma diligência, em algum caso. Daí, vem a questão de ter que conciliar a família e a profissão, o que exige muito apoio e equilíbrio", argumenta.
O trabalho árduo rende bons resultados. "Estamos agora em 3º lugar nacional no que se refere à elucidação de assassinatos com o índice de 56%, o que é excelente se comparado a outros estados, e a minha meta é melhorar este cenário. (O DF está em 1º, com 72%). Estamos com planos operacionais, no sentido de reduzir o número de homicídios, por meio do cumprimento dos mandados de busca e apreensão e de prisões. Além disso, trabalhamos em conjunto com outras delegacias especializadas como a Denarc e a Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos e a Deic a fim de chegar à autoria e motivação desses crimes", afirma.

Carreira - Adriana tem familiares que são policiais militares. Na adolescência, surgiram o encanto pela Polícia Civil e a vontade de investigar crimes. "Comecei na Polícia Civil em 2000, após prestar concurso público. Fui para a Delegacia de Novo Gama, no entorno do Distrito Federal, depois fui titular em Luziânia por cinco anos. De lá, já vim transferida para a Delegacia de Furtos e Roubos, sendo a primeira mulher a integrar o time de delegados da equipe da especializada". Depois, ela foi para a Corregedoria e em seguida para a DIH.

Pesquisa: José Lopes Junior
Postagem: José Lopes Junior