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quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Heróis da Revolta do Queimado

Vila de SÃO JOSÉ DO QUEIMADO, Serra, ES, Brasil

Queimado é um Distrito da Serra, Espírito Santo, Brasil e no dia 19/03/1849, foi palco de uma Insurreição de negros escravos.
São participantes da Insurreição de Queimado, os seguintes Negros, verdadeiros heróis em busca de liberdade:
 
A INTELIGÊNCIA DE ELISIÁRIO
 
Elisiário Rangel foi o Chefe do Motim, um dos líderes da Insurreição. Escravo de Faustino Antônio Alvarenga Rangel. Destacava-se pela inteligência, já que Faustino Rangel lhe proporcionara a oportunidade de ler e aprender ofício de Carpinteiro. Estava sempre reunido com o Frei Gregório Maria Bene e dele recebia ensinamentos religiosos e ideais de liberdade, já que o Frei, Italiano de nascimento, era contra a escravidão.
Foi preso. Na cadeia liderava os negros, para que não se abatessem e rezassem sempre. Misteriosamente fugiu da cadeia de Vitória. Tornou-se uma lenda, pois, mesmo perseguido pelas autoridades policiais, não foi mais encontrado, passando a ser um herói entre os negros que almejavam a liberdade. A sua fuga foi cantada em prosa e versos como um "milagre de Nossa Senhora da Penha", já que não houve vestígios de arrombamento na porta da prisão e o carcereiro, ao ser preso após a fuga, admitira que fora tomado de "um sono profundo."
Segundo a escritora Maria Stella de Novaes, Elisiário "morreu isolado nas matas" e, segundo outros historiadores:
"Morreu feliz nas graças da Virgem Nossa Senhora da Penha, com um agrupamento de negros fugitivos, nas matas do Mestre Álvaro  e do Mouchuara."
Pesquisas revelam que Elisiário e um grupo de negros fugitivos seguiram para uma região após o Morro do Mouchuara, em Cariacica, formando o povoado denominado de Piranema.
 

A FORÇA DE CHICO PREGO
 
Chico Prego, herói da Revolta dos Negros Escravos do Queimado. Foto de Clério José Borges e Tomaz dos Santos Silva. IGREJA DE SÃO JOSÉ DO QUEIMADO
1-     Francisco de São José, o Chico Prego. Escravo de Ana Maria de São José. Era um dos Chefe da Insurreição.
O Chico vem de Francisco e a palavra Prego tinha sentido pejorativo pois se referia a uma espécie de macaco da região do Amazonas.
Enquanto Elisiário destacava-se pela inteligência, Chico Prego, negro alto e forte, liderava pelo seu espírito de luta, por sua coragem. Foi preso e condenado à morte na forca.
Preso, Chico Prego foi levado para a Serra, viajando a pé, as seis léguas. Na Serra assistiu a construção do patíbulo. Na data e hora marcada, percorreu as principais ruas da Serra ao som de um tambor surdo e sinos da Igreja. O cortejo parava de momentos em momentos para que fosse lida a sentença. Defronte à forca, recebe a última unção religiosa. De mãos atadas sobe as escadas do patíbulo. O carrasco Ananias passa-lhe a corda em redor do pescoço e impele o negro para o espaço, fazendo pressão sobre os ombros para maior pressão da corda. Cinco minutos depois a corda é cortada. O corpo cai no chão e o negro ainda agoniza. O carrasco Ananias com um pedaço de pau, esmaga-lhe o crânio, os braços e as pernas.
O relato com detalhes da morte de Chico Prego, Herói da Liberdade na Serra, encontra-se na obra "A Insurreição de 1849 na Província do Espírito Santo", de Wilson Lopes de Resende, do Colégio Estadual "Muniz Freire", tese aprovada no IV Congresso de História Nacional. O livro é das Edições Itabira, Cachoeiro de Itapemirim, 1949, página 15 e 16.
Chico Prego foi executado na sede da Vila de Nossa Senhora da Conceição da Serra, no dia 11 de janeiro de 1850, "nas proximidades da Igreja, para servir de exemplo."
Sobre o local exato onde Chico Prego foi enforcado na Sede do Município, historiadores informam ter sido a pracinha, onde hoje, em 1997, está construída a Praça Ponto de Encontro.

JOÃO DA VIÚVA

João Monteiro, o João da Viúva. Escravo de Maria da Penha de Jesus, a viúva Monteiro. Foi também um dos líderes da Insurreição e condenado à pena de morte.
Consta que no Julgamento disse ser inocente, e que o culpado era o frei Gregório de Bene, que prometera liderar o movimento de liberdade e no momento mais importante, escondera-se dos negros.
Suas declarações são relatadas por carta pelo cônego Francisco Antunes Siqueira, advogado nos autos do processo, ao Presidente da Província, Felipe José Pereira Leal, em 10 de janeiro de 1850.
O escravo João da Viúva foi executado em Queimado, na forca, às 6 horas da manhã, do dia 8 de janeiro de 1850, três dias antes da execução de Chico Prego na sede da Vila da Serra.
 
Saiba mais sobre a Revolta do Queimado em: http://www.clerioborges.com.br/heroisdoqueimado001.html

Postado por Núria Rodrigues Costa.

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