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quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Mulher Negra Luta e Fé - Séculos XVI a XIX

Profa.Dra.Helena Theodoro

  A mulher Negra nos quilombos
Os quilombos eram formados em regiões afastadas das unidades de produção e dos aparelhos militares escravistas. Caracterizavam-se pela dimensão pan-africanista de sua luta, implantando e expandindo os valores negro-africanos e se constituindo como referência da resistência contra o escravismo colonialista, dando nas Américas, continuidade ao processo de guerra de libertação africana. Aqui no Brasil, por volta de 1600 começa a se constituir o reino negro doas Palmares, em Alagoas, que se tornaria até 1695 no maior quilombo das Américas. Palmares chegou a se estender por 27 quilômetros e era formado por florestas tropicais, pelas quais passavam inúmeros rios.                                                               Algumas mulheres se destacaram na afirmação sócio-existencial negra, que foram os quilombos. Uma delas foi AQUALTURE, líder do Quilombo dos Palmares. Era princesa na África, filha do rei do Congo, vendida como escrava para o Brasil. Organizou sua fuga e de outros escravos para Palmares e ao lado de Ganga Zumba, iniciou o processo de organização do Estado de Palmares. Chefiou uma das povoações que levava seu nome: Mocambo de Aqualtune.                                           Outro nome que se destaca é o de TERESA DO QUARITERÊ. Teresa foi Rainha do Quilombo Quariterê durante duas décadas, no século XVIII. Teria nascido em Benguela, Angola, embora exista a possibilidade de ter nascido mo Brasil. Liberou um grupo de negros e índios instalados próximos a Cuiabá, não muito longe da fronteira de Mato Grosso com a atual Bolívia. Impôs tal organização a Quariterê que o quilombo sobreviveu até 1770. Contava com um parlamento, um conselheiro da rainha e um sistema de defesa organizado com armas trocadas com brancos ou roubados nas vilas próximas. Teresa exercia grande controle e influência sobre Quilombo, que contava com uma agricultura de algodão e alimentos muito desenvolvida. Possuía teares com os quais fabricavam tecidos que eram comercializados fora dos quilombos, bem como os alimentos excedentes. Quariterê se caracterizou pelo seu trabalho com a forja, pois transformavam em instrumentos de trabalhos os ferros utilizados contra os negros.
Século XX
Após o termino da escravidão a mulher negra passou a atuar como viga-mestra das famílias e das comunidades negras, arcando com o sustento moral e com a subsistência dos filhos. Saiu da senzala para cortiços, tornando-se mulher da cama e mesa, ora servindo ao seu companheiro, ora servindo o patrão que antes encarnava o papel de senhor, alem de servir à patroa que antes era a sinhá. Por outro lado, todo um dispositivo de atribuições negativas aos negros é criado, com o objetivo de manter o espaço da participação social no país restrito aos estreitos limites da antiga ordem escravista.                                                                                       Atuando no século XX como empregada ou babá, viabiliza a emancipação da mulher branca, por permitir a sua saída de casa para ocupar as universidades e trabalhar nas repartições públicas. Este é o novo quadro da tradicional família brasileira, conseqüência das indústrias e da evolução cultural do país, que criou a emancipação cultural e econômica das mulheres em cidades grandes, onde o serviço de creches é deficiente. Mesmo na família que mantém a divisão de tarefas entre marido e mulher, quem, em geral, executa as tarefas domesticas é a mulher negra.                                                                                                                                                 As mulheres negras foram mucamas, cozinheiras, mães, sacerdotisas, prostitutas, traduzindo sua arte no cotidiano – cozinhando, costurando, bordando, participando de rituais, contando historias, plantando jardins – que enfeitaram nossa infância e embelezaram nossas vidas. Foram mulheres que semearam o campo, tropeçando cegas pela vida, maltratadas pela pobreza, mutiladas, apagadas e confundidas pelo sofrimento. Eram artistas que buscavam uma musica ainda não escrita, na qual a sua força, a sua espiritualidade, o seu AXÉ, aquela coisa desconhecida que existia dentro delas, se tornasse conhecida. E elas esperavam e esperavam... No entanto, sabiam que seus campos de outono, vazios de frutos, iriam chegar ao tempo da colheita, mesmo que fosse num outro tempo, pelas mãos e força de outras mulheres.

A Mulher negra e os movimentos feministas
O movimento feminista no Brasil, não se prendeu ao estupro ou ao mercado de trabalho como o europeu, alargando seus horizontes, passando a situar como alvos de sua luta não apenas os assassinatos ou crimes de sangues, mas também os pequenos “assassinatos do dia-a-dia”.                                                                                   Proliferam, assim, os movimentos específicos de grupos de mulheres, sendo que as primeiras organizações de mulheres negras, segundo Gonzalez (1985), surgem dentro do Movimento Negro, destacando-se a contribuição de Maria Beatriz Nascimento que organizou em 1972, na Universidade Federal Fluminense, a Semana de Cultura Negra, seguida dos históricos encontros nas Faculdades Candido Mendes, que reuniram toda uma nova geração para discutir o racismo e suas práticas, enquanto forma de exclusão da comunidade afro descendentes.
As mulheres negras se destacaram por discutirem o seu dia-a-dia, sendo que em 1975, quando as feministas comemoravam o Ano Internacional da Mulher, elas apresentaram um documento que caracterizava sua situação de opressão e exploração. Os anos seguintes testemunharam à criação de diferentes grupos que a partir de 1979 com o Aqualtune até os nossos dias com Criola, Fala Preta, Casa de Cultura da Mulher Negra, Geledés e muitos outros evidenciam a relação étnico-racial e de gênero, sendo uma amostra nacional das vozes e formas de manifestação da presença de nossas ancestrais entre nós.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
·         THEODORO, Helena - Mulheres Negras no Brasil e no Mundo (Mulher Negra Texto) thttp://www.casadeculturadamulhernegra.org.br/mn_mn_t_histo01.htm
Acesso em 29/11/2011

Postado por Rafaela Fávero.

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