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domingo, 2 de outubro de 2011

GPPGR - Modulo 2, unidades 1 e 2.

por Antonio Paulo Mascarenhas França
Gênero e sexo

Os textos propostos para estudo nesse módulo são de uma importância fundamental para a compreensão da sociedade desigual e preconceituosa que temos. O primeiro conceito apresentado nesta unidade 1, do 2º Módulo é: O panorama conceitual. Neste conceito evidencia-se com clareza a definição de gênero e sexo. Gênero diz respeito ao modo como nossa sociedade constrói representações sobre ser homem e ser mulher. Sexo diz respeito às características físicas e anatômicas dos corpos. Os estudos de gênero evidenciam a possibilidade de reverter injustiças e construir um horizonte equânime na relação entre homens e mulheres para termos uma sociedade equilibrada nas relações de gênero.

Trajeto cultural de quem nasce

A condição masculina na Sociedade é outro conceito apresentado na unidade 1 e que Na cultura Ocidental até pouco tempo e na cultura Oriental até hoje, o desempenho que a sociedade, de modo geral, espera da mulher, em razão do seu papel feminino é principalmente a submissão, a recepção de ordens sem questionamentos, sem reações emotivas e a sua permanência na esfera privada. Entende-se por esfera privada o trabalho doméstico das mulheres e/ou a sua inteira dependência do marido ou do homem na relação de desigualdade salarial. Nesse caso, A situação machista exime a mulher do seu papel social.  Fato é que a divisão dos papéis sociais é determinada por fatores tanto biológicos como culturais que atuam sobre a vida dos homens e das mulheres. Desde a concepção, os pais já começam a delinear a trajetória de vida de seus filhos.

Entendendo A Nossa Carga Cromossômica

O fator biológico dessa questão é entendido da seguinte forma: após o nascimento, o ambiente familiar, primeiro grupo social do indivíduo, irá reproduzir na criança os interesses culturais do meio onde habita e reforça as diferenças biológicas, transformando-as em características psicológicas que vão influenciar o indivíduo por toda a vida. O mecanismo que determina a diferença sexual, no corpo humano e na maioria dos organismos bissexuais, consiste de um par especial de cromossomos presente nas células que dão origem ao ser humano. A mulher tem dois cromossomos iguais (XX) e o homem tem dois cromossomos diferentes (XY). Logo, o sexo da criança é definido pelo cromossomo do espermatozóide que fecunda o óvulo, ou seja, o cromossomo masculino é que define o sexo do bebê.

Na nossa origem e infância, portanto, é que vai se formando a cultura machista: o feminino é inferir ao masculino. Basta lançar mão do dicionário, veremos que o masculino pode não ter a mesma função que o homem. Vejamos: O Aurélio explica que as principais características do masculino e do viril são a força, o vigor, a rigidez, a viripotência, a robustez e o heroísmo. Na língua portuguesa a palavra homem é utilizada como equivalente à humanidade. Ou seja, o masculino/macho tem uma função reprodutora e de força. Já o homem tem a função de cuidar, amar e progredir.

A Má Interpretação da Bíblia favorece a consciência machista.

É oportuno citar o senso comum, pessoas simples da sociedade e sem muito poder de discernimento técnico e científico que acreditam que as condutas de homens e de mulheres são originadas por uma espécie de programação natural. Deus teria feito o homem com potencialidade para dominar a mulher. Esse é o entendimento do senso comum, que não para de ler a Bíblia. No Brasil temos aproximadamente 70% de católicos e 17% de protestantes. Somando, teremos quase 90% de cristãos/ãs. Isso sustenta a tese de que a má interpretação leitura da Bíblia não está ajudando nesse quesito. Ainda é preciso muito esforço para refletir sobre a diferença entre gênero e sexualidade, os quais são dimensões que integram a identidade pessoal de cada indivíduo. A conduta sexual humana é socioculturalmente determinada e construída. Não é o órgão sexual que determina a ação, mas os aspectos sociais, a sociedade.  

Movimento feminista.

Surgem, enfim, movimentos sociais em prol da igualdade nas relações de gênero e ao respeito às orientações sexuais. O Movimento Feminista surgiu e foi capaz de demonstrar à sociedade que as discriminações incidiam sobre as mulheres, desde a sujeição feminina aos desígnios da autoridade masculina no ambiente doméstico, até as situações de guerra, nas quais as mulheres eram vulneráveis a mutilações, estupros e abusos de toda ordem. Os direitos exigidos e reclamados por grupos de mulheres começaram a representar, no século XIX, bandeiras de luta do nascente Movimento Feminista.

Movimento Feminista com duas facções.

Esse Movimento feminista ganha duas facções ao longo dos séculos XIX e XX. De um lado, o Feminismo Liberal o qual surge com a Revolução Francesa e reivindica a extensão dos direitos políticos às mulheres por meio de sua inclusão no campo da cidadania e também questões sociais ligadas à família (proteção à maternidade) e ao direito das mulheres trabalhadoras. De outro lado, o Feminismo Marxista é uma corrente que defende a abolição do capitalismo e a implantação do socialismo como forma de liberação das mulheres.

Movimento Gay

Outro Movimento que surge e cresce no Brasil é o LGBT, entre fins de 1970 no ano de 1980. Esse movimento nasce e cresce aliado ao movimento negro. Destaca-se aqui, o papel do grupo gay da Bahia, no advento da Cosntituição federal de 1988. Foi esse Grupo que coordenou a campanha pela retirada da homossexualidade do Código de Classificação de Doenças do Inamps. Durante a Constituinte de 1988, da mesma forma, o Grupo Triângulo Rosa teve a iniciativa de articular o movimento homossexual para reivindicar a inclusão da expressão “orientação sexual” na Constituição Federal, no artigo que proíbe discriminação por “origem, raça, sexo, cor e idade” e no artigo que versa sobre os direitos do trabalhador. É nesta conjuntura que também se produz uma maior articulação entre os grupos, celebrando encontros anuais de organizações ativistas e dando origem à Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Travestis (ABGLT) em 1995.

Gênero e Hierarquia Social

A unidade 2, desse mesmo módulo 2, apresenta o tema: Gênero e Hierarquia Social’ e começa por refletir sobre o Corpo e comportamento. Na cultura ocidental moderna, a diferença sexual é entendida como suporte primordial e imutável da identidade de gênero. O que torna o problema agigantado aqui é o fato de conceber-se a diferença sexual como suporte imutável. Ora, em se tratando do ser humano, há que se dá lugar à reflexão do mutável. Pois como diz Jean-Paul Sartre, o homem é um projeto, e como tal, busca, em sua existência, ser essencialmente. No século XIX, (surge) uma nova concepção de modelo reprodutivo, que afirmava a existência de dois corpos marcadamente diferentes e de duas sexualidades opostas. Esta distinção acentuada entre homens e mulheres se institui como parâmetro da normalidade no que se refere ao gênero.

Com esse tema, compreende-se que a tradição imprimiu – e imprime – um jeito machista de relacionamento entre as pessoas. Por isso, concretizou a hierarquia de gênero na sociedade. Daí, a sociedade se organiza, levando em conta que o gênero masculino é superior, dividindo o trabalho de forma desigual e, consequentemente, de percepção salarial inferior para o gênero feminino - e também para os/as afro-descendentes. Isso implica em novas formação moral machista nas famílias, pois a cultura é consagrada a partir da vivência em família, que se torna a célula mãe da sociedade.

O que dizer dos/as negros/as? Essa é uma porção de povo que carregado de estereótipo impregnado pela cultura racial dominadora dos brancos/as. Para estas/es, os negros sempre foram inferiores; o corpo é objeto de exploração sexual - verdadeiros estupros – tanto na Senzala quanto nas famílias, após a Lei Áurea de 1888. Quais as conseqüências disso? Muita discriminação e exclusão racial, o que consagra um prejuízo histórico de direitos e oportunidades para as pessoas negras. De forma que a economia de mercado, bem como as políticas de emprego das/os empresários/as, giram em torno das pessoas, mas privilegiam  pessoas brancas.

        
Uma certeza a acerca da distinção entre corpo e sexualidade da mulher: A dominação política machista e a religião – que por natureza bíblica é machista – consagraram histórica e cientificamente tal distinção. Porém, percebe-se que entre as mulheres também é bem acentuado essa questão, pois a mulher negra foi considerada a criada – serva – da mulher branca.  Ao mesmo tempo que o homem branco era o senhor da sua esposa – que é mais adequado dizer que era sua mulher – essa mulher-esposa era a senhora das mulheres negras. Aqui, um imenso paradoxo surge entre elas. Paradóxo entre as mulheres, afirmação machista entre os homens.

Hoje, com a mulher em ascensão, já existem políticas públicas para a igualdade de gênero e também para a erradicação da discriminação racial. Os concursos públicos são formas de consolidar essa igualdade. No âmbito privado, ainda é lento esse avanço, mas já existe política estabelecida para essa finalidade, até por força do ministério do trabalho e dos direitos humanos observado por seus gestores.

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