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quarta-feira, 5 de outubro de 2011

25 de Novembro é o Dia Internacional pela Não-Violência contra as mulheres

Ao mesmo tempo que é preciso marcar no calendário uma data para combater esse tipo de barbaridade, não deixa de ser um absurdo ter um dia especial para lembrar que as mulheres ainda continuam sendo vítimas de maus-tratos em todo o mundo. No Brasil, a cada 15 segundos uma mulher sofre algum tipo de agressão. Em compensação, essa mesma mulher leva de 10 a 15 anos para denunciar o seu algoz, acuada por medo, vergonha ou seja lá o que for. Subjugada à vontade masculina ou mutilada em nome de costumes milenares, estima-se que sete em cada dez mulheres vítimas de homicídio em todo o mundo foram assassinadas por seus companheiros. As histórias de mulheres por trás das estatísticas aqui são contadas por familiares que pedem justiça e paz.



Sandra Gomide, 32
Um tiro nas costas, outro no ouvido. Sem chance de defesa, a jornalista Sandra Gomide foi assassinada em 20 de agosto de 2000. O acusado é o também jornalista Antônio Marcos Pimenta Neves, ex-diretor de redação do jornal 'O Estado de S. Paulo'. O crime ocorreu em um haras de Ibiúna (SP), perto da chácara da família Gomide. Réu confesso, Pimenta ficou preso alguns meses, mas hoje aguarda o julgamento em liberdade. Quem conta é João Gomide, 65, pai de Sandra.

''Minha filha e Pimenta namoraram dois anos escondido. Quando eu soube, não gostei porque ele tinha idade para ser o pai dela, mais de 60 anos. Mas ela era independente, acabei aceitando. Foram quatro anos de namoro, antes do rompimento. Ele não aceitou a separação e chegou a ir à casa dela para agredi-la. Nesse dia, bateu na minha filha. Registramos queixa na polícia, o IML constatou a agressão. Mas depois Pimenta veio me pedir perdão. Sandra não queria confusão e eu o tratei da melhor forma possível. Um dia antes, ele almoçou comigo na chácara. Apareceu de um jeito amigável. Eles não estavam mais namorando. Pimenta sentou-se à mesa com a gente, Sandra fez o prato dele. Pimenta continuava inconformado com a separação e, nesse dia, pedi que ele a deixasse em paz. Acho que Pimenta já tinha planejado tudo. Perdi uma jóia há quatro anos. São quatro anos de agonia. Meu sentimento é de vingança.'
''Um dia antes do crime, Pimenta almoçou com a gente na chácara
e parecia amigável''
JOÃO GOMIDE


Camila Duarte, 22
1° de setembro de 2003. Camila, vendedora da loja C&A do shopping Center Norte (SP), trabalhava quando foi atingida por um tiro de revólver calibre 38. Morreu na hora. Com a mesma arma, o estudante Higor Catirsi, de 22 anos, autor do primeiro disparo, atirou contra a própria cabeça. Morreu no dia seguinte. Ninguém sabe como ele conseguiu a arma, que estava sem registro. Aida Parlini Duarte, 24, irmã de Camila, se arrepende de nunca ter acionado a polícia para impedir que o ciúme de Higor acabasse em tragédia.

''Eles namoraram quase dois anos, mas era um namoro que acabava e recomeçava. Higor tinha um ciúme bárbaro da Camila. Implicava com as roupas, não queria que ela conversasse com outro rapaz e, quando já estavam separados, perseguia a minha irmã pelas ruas. A gente não achava aquele comportamento normal e falava com ele, com a família dele, mas não adiantava. Higor dizia que amava Camila, que tinha medo de perdê-la. No dia do crime, a mãe do Higor me telefonou, queria saber se eu o tinha visto. Ela me disse que, junto com o marido, estava conversando com o filho para que ele deixasse Camila em paz. Minha irmã andava nervosa com o assédio dele. A gente queria acionar a polícia, mas Camila achava que isso iria prejudicar a carreira dele, que era estudante de Direito. Pecamos nisso. Três dias antes da tragédia, Camila contou para Higor que estava namorando outro rapaz. Ela tinha esperança de que ele a deixasse em paz quando soubesse disso. Horas antes do crime, ele telefonou para a minha casa e falou com Luana, minha irmã mais velha. Disse que gostava muito da gente e que sentia falta da Camila. Em seguida, recebemos a notícia. Mantemos contato com a família dele. Os pais são pessoas boas, não têm culpa pelo que aconteceu. Mas não tenho espaço interno para ter dó ou saudade dele. De um jeito ou de outro, vai pagar pelo que fez.'
''Não tenho espaço interno para ter dó dele. De um jeito ou de outro,
Higor vai pagar pelo que fez''
AIDA PARLINI DUARTE


70% das mulheres vítimas de assassinato no mundo foram mortas por seus próprios maridos


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